Após abandono da oposição, CPI da Petrobras será encerrada
Atualizado em 11 de novembro de 2009
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga supostas irregularidades na Petrobras, senador Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou que em 10 dias deve entregar o parecer de conclusão das investigações. Os governistas negam que tenham esvaziado a comissão para evitar mais desgastes na imagem da estatal. Nesta terça-feira pela manhã, os senadores da oposição anunciaram o abandono da CPI alegando que o governo montou "uma tropa de choque" para impedir as investigações.
"Com o depoimento de hoje encerro a fase de trabalhos externos da CPI e posso apresentar o relatório final em 10 dias", disse Jucá. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, foi o último a depor na CPI nesta terça-feira. A sessão foi acompanhada por poucos senadores governistas que se revezavam no discurso a favor da gestão da empresa, negando superfaturamento nas obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, ou fraude em licitações de obras das plataformas de petróleo.
No entanto, Gabrielli afirmou que a empresa identificou uma verdadeira "quadrilha" atuando em seu projeto de reforma das plataformas de exploração de águas profundas. De acordo com o presidente da estatal, medidas enérgicas foram tomadas, com o afastamento de várias pessoas.
Gabrielli admitiu também que a estatal aumentou o orçamento de publicidade quando a CPI foi criada, mas que as investigações não encontraram nenhuma irregularidade. "A CPI é do Senado e vou acatar as sugestões que o relator apresentar", disse o presidente da empresa.
Os senadores da oposição também anunciaram hoje que encaminharão 18 representações ao Ministério Público para que sejam aprofundadas as investigações sobre uma série de supostas irregularidades na Petrobras. Segundo os representantes dos dois partidos na CPI, todos os requerimentos para quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico foram arquivados ou rejeitados pela base governista.
O presidente da CPI, senador João Pedro (PT-AM), negou que o governo tenha agido para blindar a CPI dos ataques da oposição e impedido o aprofundamento das investigações. Outros senadores aliados também rebateram os argumentos dos senadores do DEM e PSDB para deixarem a CPI.
A líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvati (PT-SC), disse que não tem sentido querer um relatório paralelo. "A Petrobras tem auditoria interna que cresceu, tem uma auditoria externa, uma das quatro principais empresas do mundo. Por ter ações na bolsa, está sujeita a fiscalização. Tem o TCU, a CGU Controladoria Geral da União, uma CPI em andamento, e ainda precisa de uma paralela?", disse Ideli.